sábado, 22 de fevereiro de 2020

Deserto do Albardão (Santa Vitória do Palmar - RS)


"Então, vamos ao deserto..."

Já ouviram falar deste lugar e como é a sua paisagem? Como ele se originou? Onde está localizado o Deserto do Albardão? Desde já digo que é um belo lugar, inóspito e que merece respeito! Então, vamos lá! Um pouquinho de Geografia...






O Deserto do Albardão está localizado no extremo Sul do Brasil, no município de Santa Vitória do Palmar, no Estado do Rio Grande do Sul. Constitui uma extensa faixa arenosa situada entre o Oceano Atlântico e a Lagoa Mangueira, conforme as imagens abaixo: 



Localização do Deserto do Albardão


Tomando-se como ponto de referência o Molhe Oeste da Barra (praia do Cassino, município do Rio Grande), cujas coordenadas geográficas do ponto aproximado de interceptação do molhe com a linha de praia é 32° 9'40.71" de latitude Sul e 52° 5'51.71" de longitude Oeste. A partir desse ponto, o Deserto do Albardão inicia a cerca de 118 km pela linha de praia, no sentido Cassino-Chuí.

Alguns referenciais:
1) Ponto aproximado de interceptação do Molhe Oeste da Barra com a linha de praia: Lat 32° 9'40.71"S e Long 52° 5'51.71"O - 0 km;
2) Navio Altair: Lat 32°17'31.31"S e Long  52°15'36.60"O - 21,6 km;
3) Farol do Sarita: Lat 32°37'45.44"S e Long  52°25'42.90"O - 62,3 km;
4) Farolete Verga: Lat  32°58'33.74"S e Long  52°33'28.20"O - 103,1 km;
5) Ponto aproximado de início do Deserto do Albardão: Lat 33° 6'18.37"S e Long  52°37'37.27"O - 118 km;
6) Farol do Albardão: Lat 33°12'9.18"S e Long  52°42'21.23"O -  132 km;

A imagem a seguir um transceto entre a praia e a Lagoa Mangueira, mostrando a estrutura das dunas do Albardão, tendo como referencial o trabalho de Lopes et al. (2008).


As dunas incipientes localizam-se próximas à praia e apresentam poucos centímetros de altura. São seguidas pelos cordões de dunas frontais, cuja altura varia ao longo da costa e são comumente erodidas pelas ondas de tempestade mais intensas. Atrás das dunas frontais há uma área relativamente plana e topograficamente baixa, caracterizada por banhados e areias movediças interdunas. O final desses banhados é marcado pelas dunas livres, que podem chegar a 20 metros de altura e formam uma das mais belas paisagens da costa gaúcha. 
A gênese do Deserto do Albardão está associada a formação de uma barreira arenosa holocênica que isolou a Lagoa Mangueira do mar, há cerca de 4 a 5 mil anos atrás. Como resultado da última grande transgressão marinha e posterior regressão do nível do mar, esses depósitos arenosos foram expostos e, com a contribuição dos ventos e dos processos erosivos atuais (retrabalhamento eólico dos sedimentos), formou-se este imenso campo de dunas. Mais detalhes  sobre a gênese desse sistema encontram-se no trabalho de Lopes et. al, 2008 - material complementar no final da postagem.

Abaixo compartilho um resumo em fotos, que falam por si da beleza deste lugar!

DESERTO DO ALBARDÃO I


Os espaços entre as dunas (interdunas) são preenchidos por águas pluviais durante as estações chuvosas, formando lagoas efêmeras e também feições semelhantes a "colchões de areia movediça".





















Um espetáculo da natureza: o nascer-do-Sol no deserto!











Podemos ver o predomínio de uma "paisagem dourada", arenosa e com dunas elevadas e com vegetação escassa (há alguma vegetação às margens da Lagoa Mangueira). No deserto encontramos algumas árvores sobreviventes ao tempo e às intempéries, incluindo figueiras com caules e raízes retorcidos.

























  

DESERTO DO ALBARDÃO II

Fotos da noite no deserto, onde aparecem muitos pontinhos claros. Não são estrelas, mas partículas de areia em movimento, já que a ação eólica no deserto é intensa.





A força do vento no deserto esculpe de tal maneira a paisagem, que parece ser outro mundo! Foi preciso proteger o rosto e o corpo, para não ser castigado pela força do vento e pelas areias!






Onde o Deserto do Albardão encontra a Lagoa Mangueira: 






As figueiras...














 O Farol do Albardão:






O registro a seguir foi feito do topo do Farol do Albardão durante uma manhã chuvosa. Podemos observar a vegetação pioneira e composta por gramíneas, na região mais próxima à praia, contrastando ao fundo com as areias do Deserto do Albardão. 





Importante destacar que é necessário pedir autorização para a Marinha do Brasil para poder visitar ou utilizar o farol como apoio e base para descanso durante as viagens. Qualquer pessoa pode ir lá, desde que tenha autorização.

O deserto abrange as seguintes Folhas Topográficas do Exército-RS (escala 1:50.000): Farol do Albardão, Jaguarão Grande, Lagoa Mangueira, Arroio Chuí e Ponta da Lagoa.

Agradecimento especial ao amigo José Fernandes (Dunes) e aos integrantes das expedições I (5 e 6 de setembro/2015) e II (25 a 27 de março/2016) pela companhia, por compartilhar experiências e proporcionar ótimos momentos em meio a este pedaço de paraíso, maravilha da natureza!



Material complementar: Livro "Areias do Albardão)